30 de mar. de 2011

Se o amor é fon fon fon, que se lixe o romantismo!



Cantade aí!
Olha a banda filarmónica,
a tocar na minha rua.
Vai na banda o meu amor
a soprar a sua tuba.
Ele já tocou trombone,
clarinete e ferrinhos,
só lhe falta o meu nome
suspirado aos meus ouvidos.

Toda a gente - fon-fon-fon-fon -
só desdizem o que eu digo:
"Que a tuba - fon-fon-fon-fon -
tem tão pouco romantismo..."
Mas ele toca - fon-fon-fon-fon -
e o meu coração rendido
só responde - fon-fon-fon-fon -
com ternura e carinho.

Os meus pais já me disseram:
“Ó Filha, não sejas louca!
Que as Variações de Goldberg
p'lo Glenn Gould é que são boas!”
Mas a música erudita
não faz grande efeito em mim:
do CCB, gosto da vista;
da Gulbenkian, o jardim.

Toda a gente -fon-fon-fon-fon.
só desdizem o que eu digo:
"Que a tuba -fon-fon-fon-fon-
tem tão pouco romantismo...”
Mas ele toca - fon-fon-fon -
e cá dentro soam sinos!
No meu peito -fon-fon-fon-fon-
a tuba é que me dá ritmo.

Gozam as minhas amigas
com o meu gosto musical
que a cena é “electroacústica”
e a moda a “experimental”...
E nem me falem do rock,
dos samplers e discotecas,
não entendo o hip-hop,
e o que é top é uma seca!

Toda a gente -fon-fon-fon-fon-
só desdizem o que eu digo:
“Que a tuba -fon-fon-fon-fon-
tem tão pouco romantismo..."
Mas ele toca -fon-fon-fon-fon-
e, às vezes, não me domino.
Mando todos -fon-fon-fon-fon-
que ele vai é ficar comigo!

Mas ele só toca a tuba
e quando a tuba não toca,
dizem que ele continua;
que em vez de beijar, ele sopra...

Toda a gente - fon-fon-fon.fon -
só desdizem o que eu digo:
“Que a tuba - fon-fon-fon-fon -
tem tão pouco romantismo...”
Mas ele toca -fon-fon-fon-fon-
e é a fanfarra que eu sigo.
Se o amor é fon fon fon fon
que se lixe o romantismo!

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